segunda-feira, 30 de julho de 2018

O EVANGELHO DE JOÃO 1.1c, E A TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO



Uma análise léxico sintática da verdadeira tradução de [...] καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος.

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VISÃO PANORÂMICA

Postulamos que o Logos é o Ser cuja existência transcende o tempo. Sua preexistência eterna é explícita nas palavras do apóstolo João (Jo.1:1; 1Jo.1:2). O Verbo estava com Deus. A preposição “com” (gr. pros) implica em relação e distinção. Usada com o acusativo significa não somente coexistência mas intercomunicação direta. O Verbo era Deus. Dito isto, não se deduz que o Verbo era a mesma pessoa descrita como Deus — o qual Ele estava —; entretanto, significa mais do que Este Ser apenas "um deus" distinto ontologicamente Daquele — como vertido em supostas traduções, por exemplo a TNM das testemunhas de Jeová. Ademais, não encontramos qualquer sustentabilidade exegética, gramatical, e ou, teológica para tal “tradução defendida”. Há uma implicação definida na reivindicação de o Verbo ser tão “substancialmente Deus” quanto o Deus que o mesmo estava no texto de Jo.1:1c. O Verbo é qualificado como Deus, coparticipante da essência Divina e, em virtude de tal certeza, consideramos como afirmou o Erudito gramático Daniel B. Wallace em sua obra Gramatica grega – uma sintaxe exegética do NT pg 735: "O que Deus Era o Verbo Era". Isso não significa que exista mais que um Deus, pois afirmar isso seria ir contra o que o Mesmo em Sua revelação escrita afirma (Is.43:10), logo, mediante revelação progressiva, nos é evidente a existência de pluralidade de pessoas na singularidade do Deus das Escrituras, e isso, a partir da mesma.
Devida surpreendente revelação do Ser de Deus pelas escrituras a igreja adotou o conceito de “Trindade”, este fundamentado na compreensão da existência de três autoconsciências divinas distintas (diferente do unitarismo); Pai, Filho e Espírito Santo, que na economia da Divindade tem sua própria funcionalidade (diferente do unicismo), que coexistem desde a eternidade (diferente do modalismo), são unas em essência e propósito (diferente do politeísmo), reais e ativas no mundo desde sua fundação (diferente do ateísmo) e defendida pelas Escrituras. Considerando isso, o Novo Testamento está repleto de claras e significantes evidências que apontam para a comprovação dessa sentença (cf. 1Co.8:6; At.5:3,4; 20:28; Jo.20:28..etc). Sugerir uma suposta geração do Verbo na eternidade pelo Deus que o mesmo estava, talvez até atribuindo “natureza angelical” a Este a fim de negar sua preexistência eterna e apoiar a suposta tradução “e o Verbo era um deus” — insinuando haver inferioridade entre as pessoas na Divindade — é, sem dúvida alguma, “deliciosamente gnóstico” (Qual o texto original do novo testamento – QUE DIFERENÇA FAZ? Dr.Wilbur Norman Pickering, pg 209). Os que se utilizam desta via além de se auto-proclamarem politeístas demonstram total desespero em defesa de sua doutrina débil, outrossim, uma profunda ignorância com respeito a revelação bíblica concernente ao assunto.
Além do mais, negar a eternidade do Verbo é ignorar o fato de todas as coisas criadas terem tido origem mediante atuação ativa do mesmo, sendo isso claro em todo NT (Jo.1:3; Cl.1:16; Hb.1:2). Isso significa que “sem ele, e ou, sem sua participação direta, nem mesmo uma só coisa veio a existir, isso é, o que veio a existir” (Jo.1:3), excluindo-o assim — e as demais pessoas na Divindade, Pai e Espírito — daquilo que veio a existência, e atribuíndo ao mesmo eternidade e preeminência sobre. Definitivamente, não há como negar a coigualdade ontológica entre as pessoas na Divindade (Pai, Filho e Espírito Santo), nem tão pouco aceitar a vergonhosa tradução sugerida pelas testemunhas de Jeová para benefício próprio e depreciação da pessoa do Cristo pré-encarnado.


Brício Lube









           1. INTRODUÇÃO


Sabemos que a Palavra de Deus, está sendo muito manipulada em diversos Seminários e em Faculdades teológicas que se dizem “cristãs”. Não somente a igreja está sendo atacada na presente era, mas a Tradução da Bíblia. Alguém já disse, “quando não conhecemos a história da igreja, estamos fadados a repetir as mesmas heresias, ora combatidas por ela”. Essa verdade é incontestável, pois milhares de ensinos heréticos estão novamente voltando com uma nova roupagem para atacar a igreja de Jesus e a Bíblia Sagrada. Esta, no que tange a sua tradução, está sendo manipulada por muitas pessoas. Gente dizendo que a melhor tradução é assim, outros dizem que é de outra forma, enfim, para um esclarecimento sobre a mesma e sua tradução, no mínimo se precisa estudar os idiomas no qual ela fora escrita.
“Muitos incautos” em especial “as testemunhas de Jeová”, acreditam que a TNM é uma das melhores traduções do grego para o português, se não for a melhor, e no que se refere a João 1.1c. que eles traduziram [...] καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος, para, “e o verbo era um deuseles afirmam que é a melhor entre os acadêmicos. (Grifo nosso). Mas será que isso tem sustentabilidade gramatical e exegética?
Essa pergunta tem levado muitos estudiosos de renome como os doutores, BRUCE M. METZGER, (Universidade de Princeton), J. R. MANTEY, SAMUEL J. MIKOLASKI, CHARLES L. FEINBENG do Portland, JAMES L. BOYER, WALTER MARTIN, dentre outros, que são especialistas em linguística e no grego koiné, a acreditarem, que a TNM (Tradução do Novo Mundo) no que se refere a João 1.1.c e em outros lugares é totalmente inapropriada, infundada e errada. Os mesmos chegam a dizer que é uma das “piores traduções” do grego, que por não entenderem a teologia Joanina, a gramática da língua grega e a exegese tem levado os seus adeptos a terem uma visão minimizada e distorcida sobre a DIVINDADE de Jesus.
O presente trabalho tem por finalidade apresentar ao público leitor, uma compreensão sobre a língua grega para um melhor entendimento de como se trabalha com o idioma do grego koiné para o português, a regra de Colwell e sua importância para a exegese, como também o porquê da TNM ser uma tradução sofrível no Evangelho de João 1.1c, e por final apresentaremos as justificativas de qual a melhor tradução se “o Verbo era um deus” ou se,  o Verbo era Deus” e como as traduções em diversos idiomas traduziram a referida passagem para os seus patrícios.



2. A ESTRUTURA DA LÍNGUA GREGA
Quando estudamos a língua grega percebemos que sua estrutura morfológica é muito complexa. O seu campo semântico é um verdadeiro labirinto para quem não conhece como funciona suas orações. A importância de estudá-la é de fato em primeira instância laborioso e exaustivo, mas no decorrer do tempo as perguntas vão se encaixando e vislumbrando num prisma melhor. Sabemos que a língua grega foi falada há centenas de anos, por isso, se precisa conhecer a sua história e sua relação com outros idiomas antigos.

A língua grega é um dos membros da grande família de línguas indo-europeias, que se estende por quase toda a Europa e parte da Ásia, particularmente o Irã e parte da índia. A essa família pertencem, além do grego, outras grandes línguas culturais como o sânscrito e o latim, assim como o armênio, o germânico, o báltico, o eslavo, o albanês e diversas outras línguas menores. O parentesco entre as línguas mencionadas pode ser observado, por exemplo, nos seguintes vocábulos: Pai: no grego é pater, no latim pater, no sânscrito pita, no antigo persa pitar, no gótico fadar, no inglês father, no alemão Vater. Mãe: no grego é meter, no latim mater, no sânscrito matar, no báltico mate, no inglês mother, no alemão Mutter. De acordo com a linguística comparada, todas essas línguas provêm de uma raiz comum, uma língua que era falada por um primitivo povo que teria habitado na Ásia ocidental. Esse povo teria morado em grandes famílias organizadas segundo o modelo patriarcal, num contexto agropecuário, com firmes convicções monoteístas. No terceiro milênio antes de Cristo teria começado uma dispersão daquele primitivo povo, o que teria originado também a diversificação da sua língua em vários dialetos e línguas afins. No segundo milênio antes de Cristo, uma das tribos indo-europeias teria avançado até a península balcânica - seria essa a origem dos gregos[1].

O grego koiné surgiu como um dialeto comum nos exércitos de Alexandre o Grande. Foi sob a liderança da Macedônia que colonizaram o mundo conhecido, seu dialeto comum recém formado foi falado do Egito até as margens da Índia. Embora os elementos do grego koiné tenham tomado forma durante o período Clássico posterior, o período pós-clássico do grego da morte de Alexandre o Grande em 323 a.C., quando as culturas oscilaram sob o helenismo, começou a influenciar a língua. A passagem para o próximo período, conhecido como grego medieval, data da fundação de Constantinopla por Constantino I em 330 d.C.



[1] IBTEL. (Noções do Grego Bíblico, 2015, p.11).

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018








Prof. Euler L. MOREIRA



A Salvação é para todos os homens?

(Uma análise Léxico-Sintática da palavra “pas” “todo, todos, o todo” em diversas passagens do Novo Testamento)




João 1.2-5

2 οὗτος ἦν ἐν ἀρχῇ πρὸς τὸν θεόν.
3 πάντα δι’ αὐτοῦ ἐγένετο, καὶ χωρὶς αὐτοῦ ἐγένετο οὐδὲ ἕν. ὃ γέγονεν
4 ἐν αὐτῷ ζωὴ ἦν, καὶ ἡ ζωὴ ἦν τὸ φῶς τῶν ἀνθρώπων·
5 καὶ τὸ φῶς ἐν τῇ σκοτίᾳ φαίνει, καὶ ἡ σκοτία αὐτὸ οὐ κατέλαβεν






Introdução

Nesta síntese, iremos apresentar uma análise do termo grego “todo” em relação a Salvação. Mas primeiro, veremos onde ela ocorre nas diversas passagens dando um tipo de sentido. Sabemos que há uma discussão muito grande em relação a esse termo. Dois sistemas de interpretação ao logo dos séculos, vem se “enfrentando” no campo das ideias, sobre o real entendimento soteriológico aplicado ao homem. Uma perguntas crucial é feita: a palavra “todo”, “todos” no que tange a salvação na bíblia é limitada a certas pessoas, ou não? Através desse pequeno estudo venho elucidar algumas regras para colocar todas as observações no seu devido lugar. Não quero aqui dissecar o assunto, mas somente cooperar, para que os interessados possam tirar suas devidas conclusões.
O que irei apresentar é a posição estritamente declarada no léxico de Edward Robinson, léxico baseado em domínio semântico de Johannes Louw – Eugene Nida,  dicionário do Novo Testamento grego de W.C TAYLOR, e outras obras que serão apresentadas nas referências bibliográficas desta síntese e poderão ser consultadas.

       Análise Léxico-sintaxe

       O emprego de paς segundo os gramáticos
O terno grego paςque está numa classe de adjetivos pode muito bem funcionar como “predicativo com um substantivo procedente de artigo”. Na função predicativa, adjetivo faz uma afirmação sobre o substantivo, declarando alguma qualidade considerada digna de destaque. Mas também pode funcionar como atributiva.
Ex: passa h poliς  toda a cidade. (Posição predicativa)
       Pssai ai poleiς  todas as cidades. (Posição predicativa)
        h passa poliς  a cidade inteira, como um todo. (Posição atributiva)
O substantivo quando aparece no singular sem artigo paςtem o sentido de cada.
Ex: paς oroς  cada manhã. 
Com artigo e com particípio
Ex: paς o pisteuwn  todo o que crê; panteς oi pisteuonteς todos os que creem; panta ta onta ekei, todas as coisas que estão ali. 
Os exemplos supracitados, nos mostram a maneira de se entender uma sentença em grego. Exegetas e estudiosos, devem observar cada regra para poderem aplica-las e assim extrair do texto o real significado.
Significado semântico
Segundo os dicionaristas, toda a palavra é carregado de significados. Descobrir o que cada palavra significa dentro de uma sentença, ou enunciado, leva o exegeta a se aproximar mais do texto e assim estará entendendo sem preconceito dogmático a mensagem. Por isso, veremos o significado semântico de paς.
Segundo o DITN (dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. p. 2521-2522), o termo “pas” como adjetivo no singular:
(a) sem artigo significa “cada”; (b) antes do substantiva com  artigo, “todo” (pasa he Ioudaia  Mt 3:5); (c) entre o artigo e o substantivo, “inteiro” “todo” (ho pas nomos Gl 5:14) “toda a lei”. Aqui se ressalta a soma total em contraste com as partes, o objeto completo em oposição às porções separadas, “pas” no plural significa “todos”, pas como substantivo significa “cada um”, “todos”. Vinculado com tis significa “qualquer um”, com to pan significa “tudo”, “a totalidade”, e também o ponto principal, en panti significa “em cada assunto”, com respeito a “tudo” “em tudo”.
O neutro plural panta significa “todas as coisas”, ta panta “tudo isto” (2 Co 4:15), “todas as coisas” ( Rm 11:36; Cl 1:16-17). Em Grego secular, ta panta também significa “a totalidade”, “o universo”, hapas é uma forma fortalecida de pas, frequentemente empregada com o mesmo sentido, mas às vezes com um significado Intensificado, “a totalidade”, “tudo”, “todos”.
Examinando as sentenças em grego com paς.
Ressaltando as regras já estabelecida nos léxicos e dicionários. 
a) “Quando ‘pas’ aparece antes de um substantivo com o artigo, traz a ideia de uma totalidade, todo, o todo”. 
  “E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”. (Mt. 6:29 ACF)
        λέγω δὲ ὑμῖν ὅτι οὐδὲ Σολομὼν ἐν πάσῃ τῇ δόξῃ αὐτοῦ περιεβάλετο ὡς ἓν τούτων
Observamos que o termo “pase te doxa outou” está se referindo a tudo (honra, dignidade, majestade) que Salomão possuía. Dando uma ideia de uma totalidade, mas sem especificar cada elemento do seu reino.
 “E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso”. (Lc 1:10   ACF)
         καὶ πᾶν τὸ πλῆθος ἦν τοῦ λαοῦ προσευχόμενον ἔξω τῇ ὥρᾳ τοῦ θυμιάματος.
A expressão “pan to plethos” (toda a multidão), utilizando o artigo com seu substantivo, mostrando que não era qualquer multidão que estava ali. Mas uma multidão com fortes crenças religiosas. O adjetivo predicativo nominativo “pan” qualifica todo a multidão de uma forma coletiva e vibrante, sem trazer uma ideia de cada indivíduo envolvido. 
Podemos nos valer de mais um texto, mostrando que o termo “pas” antes de um substantivo com o artigo se refere a uma totalidade ou todo, sem trazer aquela ideia de individualidade.
          “Então, saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão”; (Mt. 3:5 ARA)
         Τότε ἐξεπορεύετο πρὸς αὐτὸν Ἱεροσόλυμα καὶ πᾶσα ἡ Ἰουδαία καὶ πᾶσα ἡ περίχωρος τοῦ Ἰορδάνου
       Mais uma vez “pasa” estando no singular e antes de um substantivo com o artigo, demostra uma unidade coletiva totalitária. Indicando que “toda a Judéia” (metonímia indicativo para os habitantes) sem delimitar as suas cidades com os seus habitantes saiam para ouvir a mensagem de João Batista.
Os exemplos são o suficiente, para elucidarmos a palavra paς”. Mas se desejarem ir mais adiante, podem verificar esses textos: Mt. 8.32; Mc 5.33; Jo 8.2; Rm 3.19; 4.16.
        O emprego do termo paς” trazendo uma ênfase de número definido
Nos primeiros exemplos, tentamos levar o leitor a conceber que o termo “pas” em diversas passagens indica uma ideia de unidade, uma totalidade, todo, o todo, que nessa visão o singular é usado com o substantivo com artigo. Agora avançando em nosso estudo, o mesmo termo com seus respectivos casos vai nos trazer a ideia de um número definido.
a)      paςno plural com Substantivo com artigo no plural
 “De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações”... (Mt 1:17 ACF)
 Πᾶσαι αἱ γενεαὶ ἀπὸ Ἀβραὰμ ἕως Δαυὶδ γενεαὶ δεκατέσσαρες, καὶ ἀπὸ Δαυὶδ

O texto é bem claro quando trabalha “pas” como um número definido. Nesso caso “pas” tem um reforçõ a mais pela preposição “apo”( desde)  e o adverbio “eos” (até), que reforçam essa delimitação.
Veremos outro exemplo onde “pas” é um número definido entes de uma palavra que se segue.
“E, levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja”, (Acts 5:17 ACF)
Ἀναστὰς δὲ ὁ ἀρχιερεὺς καὶ πάντες οἱ σὺν αὐτῷ- ἡ οὖσα αἵρεσις τῶν Σαδδουκαίων ἐπλήσθησαν ζήλου,
O termo está mais uma vez nos trazendo a ideia de um número definido. Pois o é ressaltado que a seita dos saduceus estava no local. Era possivelmente no Sinédrio que eles estavam, fazendo um tipo de reunião. Numa reunião de fato tem um número definido de pessoas.
Nos dois exemplos o adjetivo “pas” indicou um número definido. Devemo sempre recorrer ao contexto em que a palavra está inserida para termos mais segurança no momento de extrairmos o verdadeiro significado.
Número indefinido (sem o artigo)
Em nossa próxima análise, vamos expor alguns textos importantíssimos que trazem um número indefinido aos elementos que estão no enunciado.
“Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido. (At 22:15 ACF)
Ὅτι ἔσῃ μάρτυς αὐτῷ πρὸς πάντας ἀνθρώπους ὧν ἑώρακας καὶ ἤκουσας
A frase “com todos os homens” está fortemente indefinida diante do texto. Pois não está delimitado quais homens o apostolo Paulo poderia testemunhar acerca do evangelho. Sabemos que o apóstolo, evangelizou tanto judeus como gentios e isso é notório. Mas pela frase o próprio Paulo nos deixa um número indefinido de homens que tem de levar as boas novas de salvação.
         Duas passagens que tem o mesmo valor em sintaxe e ideia teológica vão ser analisadas posteriormente. Diante das regras do léxico de Edward Robinson, que é a principal fonte desse estudo, o termo “pas” no sua forma plural sucedido por um substantivo sem o artigo está indicando um número indefinido.
        Analisaremos outas passagens que se enquadram na mesma regra, implicando assim um número indefinido. 
Vejamos:
“Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido”. (At 22:15 ACF). 
Ὅτι ἔσῃ μάρτυς αὐτῷ πρὸς πάντας ἀνθρώπους ὧν ἑώρακας καὶ ἤκουσας.
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”. (Rm. 5:12 ACF).
Διὰ τοῦτο, ὥσπερ δι᾽ ἑνὸς ἀνθρώπου ἡ ἁμαρτία εἰς τὸν κόσμον εἰσῆλθεν, καὶ διὰ τῆς ἁμαρτίας ὁ θάνατος, καὶ οὕτως εἰς πάντας ἀνθρώπους ὁ θάνατος διῆλθεν, ἐφ᾽ ᾧ πάντες ἥμαρτον
“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. (Rm. 5:18 ACF)
Ἄρα οὖν ὡς δι᾽ ἑνὸς παραπτώματος εἰς πάντας ἀνθρώπους εἰς κατάκριμα, οὕτως καὶ δι᾽ ἑνὸς δικαιώματος εἰς πάντας ἀνθρώπους εἰς δικαίωσιν ζωῆς.
“E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”.      (Hb. 1:6 ACF).
Ὅταν δὲ πάλιν εἰσαγάγῃ τὸν πρωτότοκον εἰς τὴν οἰκουμένην λέγει, Καὶ προσκυνησάτωσαν αὐτῷ πάντες ἄγγελοι θεοῦ”.
Vimos que em todos os casos os substantivos estão sem artigo. Portanto o entendimento de toda a sentença é uma clara indefinição.
Agora quero chamar sua atenção para dois textos muito discutido. Tudo que ressaltei até agora, fora baseado em gramáticas e léxicos. Trazendo assim uma base sólida e exegética do assunto em pauta.
Vejamos as referidas passagens.
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2:11 ACF)
Ἐπεφάνη γὰρ ἡ χάρις τοῦ θεοῦ ἡ σωτήριος πᾶσιν ἀνθρώποις, 
        o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”. (1 Tim. 2:4 ARA)
ὃς πάντας ἀνθρώπους θέλει σωθῆναι καὶ εἰς ἐπίγνωσιν ἀληθείας ἐλθεῖν.
     Em Tito 2.11 πᾶσιν  é um adjetivo dativo masculino plural, concordando claro com o seu substantivo ἀνθρώποις dativo masculino plural sem artigo definido. Também em 2 Tm 2,4, πάντας que é um adjetivo dativo masculino plural concordando com o seu substantivo ἀνθρώπους dativo masculino plural se enquadrando na regra proposta.
Os dois textos citados em destaque neste estudo, não podem ser tidos como uma passagem que indica um número definido. Portanto, a salvação vinda por Deus é para “todos os homens” sem distinção de raça, cor, e etnia. O texto não vislumbra um grupo de pessoas e nem uma unidade coletiva singular, mas a “todos” em geral sem mencionar definição restrita.
Na passagem de Tito 2.11, enfatiza o termo χάριςgraçacomo uma “manifestação” eπεφάνη cujo o significado é “fazer aparecer, mostrar-se em”. É visto também que ela está relacionada como posse no substantivo tou qeou”. Ou seja, ela (graça) procede de Deus, pois é gerada Nele. Da mesma sorte, a salvação é trazido por ela, para todos os homens porque ambas provém de Deus.   
Em 1Tm 2.4, o que me chama atenção é o verbo θέλει, que por causa de sua terminação ει está na terceira pessoa do singular de θέλw ( verbo indicativo presente ativo da primeira pessoa do singular).
    Na classe gramatical θέλει está no modo indicativo, pois está ligado a qeou que é o praticante da ação verbal. O modo indicativo, é o modo da afirmação da realidade e representa a ação do verbo como real. Ou seja, o desejo de Deus em salvar todos os homens é de fato real e não imaginário. O verbo está também no tempo presente e na voz ativa.
Segundo Lourenço S. Rega o mesmo nos explica sobre o tempo presente dizendo que “em todos os modos, incluindo o indicativo, o presente expressa uma ação contínua ou num estado incompleto, chamada ação durativa ou linear. A ação é considerada como progredindo, em andamento, acontecendo”.
Se a ação é considerada como progredindo, em andamento, como acontecendo, então o desejo, a vontade de Deus, em salvar todos os homens, está ativa e vivificante em Deus, em função real e presente segundo a visão de Paulo, que usou esse termo, nesse tempo presente na voz ativa. O termo ἀνθρώπους (anthpopous), está sem artigo e no plural, mostrando assim um número indefinido de pessoas na salvação. Tanto em Tt 2.11, quanto em 1Tm 2.4, de acordo com as regras gramaticais não podemos conceber um número definido de pessoa.
João 3.16
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3:16 ACF)          
Οὕτως γὰρ ἠγάπησεν ὁ θεὸς τὸν κόσμον, ὥστε τὸν υἱὸν αὐτοῦ τὸν μονογενῆ ἔδωκεν, ἵνα πᾶς ὁ πιστεύων εἰς αὐτὸν μὴ ἀπόληται, ἀλλ᾽ ἔχῃ ζωὴν αἰώνιον.
Sabemos que “pas” no singular está indicando e vislumbrando “todo”. Já o particípio πιστεύων no presente ativo nominativo de πιστεύω, que nesse caso tem a função de adjetivo substantivado, nos traz a tradução de, o crente, o que crê, quem crê, aquele que crê. A relação da palavra “pas” com o adjetivo substantivado “pisteuo” é um indicativo de “todo” indivíduo em número indefinido, sem apontar quem, expressar a “crença, crer continuamente” Nele (no Filho de Deus) tem vida eterna. Pois um particípio presente quer dizer uma ação contínua, em andamento.



Conclusão

O objetivo desse estudo, como já foi mencionado no prologo do mesmo, não é de maneira alguma esgotar o assunto. Mas contribuir com a escritura sagrada, utilizando a ferramenta exegética que é indispensável nessa análise.

Desde já, agradeço a todos os leitores desse tão pequeno estudo.



       Referências Bibliográficas

1.   Almeida Corrigida Fiel.
2.   Almeida Revista Atualizada.
3.   Almeida Revista Corrigida.
4.        LOURENÇO Stelio R.; JOHANNES, Bergmann. Noções do Grego Bíblico. Gramática fundamental. Ed. Vida Nova,2012.
5.        DOBSON H. John. Aprenda o Grego do Novo Testamento. Ed: CPAD, RJ. 1994.
6.        WALLACE B. Daniel. Gramática Grega. Com índice Bíblico e Palavras Gregas. Ed. Batista Regular do Brasil. 2009. RJ.
7.        FRITZ, Rienecker; CLEON, Roger; Tradução do Gordon Chown. Chave Lingística do Novo Testamento Grego. Ed. Vida Nova. SP,1995
8.        ROBINSON, Edward. Lexico Grego do Novo Testamento. Ed. CPAD.
9.        JOHANNES; EUGENE. Léxico grego portugês. Baseado em domínios semânticos. SBB.
10.    MOUNCE, D, Wiliam. Léxico Analítico do Novo Testamento Grego. Ed. Vida Nova.
11.    SERGIO, Paulo; OLIVETT, Odayr. Novo Testamento Interlinear. Ed. Cultura Cristã.
12.    LUZ, Carvalho. W. Novo Testamento Interlinear. Ed. Hagnos.
13.    TAYLOR, W.C. Introdução ao estudo do Novo Testamento Grego. Ed. Batista Regular.
14.    SOARES, Esequias. Gramática Prática. Ed. Hagnos

15.    SOUZA, Luiz. Gramática do Grego Koiné.